domingo, 18 de setembro de 2011

Eu te amo. Mas casar!?

     Estava ouvindo esta música e comecei a pensar sobre como seria me casar com um de meus melhores amigos. Cheguei à seguinte conclusão: casar com um melhor amigo não deve ser lá um bom negócio.
     Não me entenda mal, mas é o mesmo que morar com seu melhor amigo pelo resto da vida. Cinco dias nas férias, OK. Mas a vida toda!?
     Conseguiria eu suportar a superorganização de minha querida amiga N.? Um armário organizado por cores em degradê. É demais para minha fobia de superorganização. Dê-me uma escrivaninha bagunçada, mas não me dê um arquivo organizado por numeração!
     Será que ela aguentaria a minha mania de deixar toalha molhada em cima da cama? Ou ainda, de uma vez a cada dois meses iniciar o meu processo de arrumação de armário, o qual se prolonga por mais dois? Um armárío por vez e coisas espalhadas até encontrarem sua gaveta-final.
     Será que eu suportaria a superfofura de minha amiga M.? Meiguice é bacana, é legal, mas no meu dia de fúria da TPM seria tortura! Muitas TPMs para o nosso casamento resistir.
     Será que ela me aguentaria nas minhas manhãs de mau-humor sem motivo? OK, se é de manhã, tem motivo. Como diz Garfield “I'd like mornings better if they started later.” [Eu gostaria mais das manhãs se elas começassem mais tarde].
     Será que eu suportaria a inteligência e a profundidade dos pensamentos de meu amigo F., após um longo dia de trabalho e kilos de sono?
     E ele? Será que teria paciência com as minhas recorrentes crises existenciais? Mesmo que o auge delas calhasse de ser durante a final do Brasileirão? Acho difícil...
    Bem, uma coisa é namorar, casar e depois se tornar melhor amigo. Outra bem diferente é ser melhor amigo e depois namorar e casar. Desculpem-me os românticos crônicos, mas isso de que “bons amigos dão bons casamentos” é, pra mim, estória pra boi dormir.


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Textos escritos e textos não-escritos



     Outro dia descobri que tenho muito mais textos não-escritos do que escritos. Revirando uma pasta do meu computador, encontrei dezenas de textos começados, mas nunca terminados. O que me levou a pensar: o que nos faz não escrever um texto? Ou melhor, o que nos faz escrever um? Pensei em algumas razões para se escrever um texto.

     Uma delas é boba: simplesmente  veio a ideia e se tinha um computador ou lápis e papel por perto. Diz a lenda que JK Rowling estava na pindaíba, chorando suas mágoas em um bar, quando começou a escrever Harry Potter em um guardanapo.

    Outra é porque a ideia te incomoda a tal ponto que não escrevê-la é simplesmente angustiante. Ela martela, martela e martela na sua cabeça até que você a materialize no papel. Ideias com vontade própria. Tenho muitas!

     Penso em outras razões, a vaidade, por exemplo. A vaidade pode também nos levar a escrever. “Escrevo porque sou intelectual e as pessoas precisam ter acesso às minhas ideias brilhantes”; “Escrevo porque sou muito inteligente e o mundo precisa saber disso”; “Escrevo porque escrevo bem e receber um 'uau, seu texto é muito bom!' massageia meu ego carente.”

     Bem, infantilmente, eu digo: escrevo porque quero escrever e ponto. Ao que um analista perguntaria “De onde vem essa vontade, Vanessa?”. “Não sei.” - eu responderia. “Não sabe?” - ele insistiria. “Não sei.” - eu devanearia. E ele mudaria de rumo: “Me fale um pouco sobre o seu pai...”. E a sessão terminaria. Eu falando do meu pai, mas não chegando exatamente ao motivo de eu gostar tanto de escrever e de nem sempre fazê-lo.

    Enfim, poeticamente, eu digo: escrevo porque escrever liberta. Liberta ideias enclausuradas, liberta desejos acorrentados, vontades que nem chegaram ao nível da consciência ainda. Escrevo porque sou além do que as palavras são, mas por ora são o que sou.
      



segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Da série "Verdades universais"

Toda mulher já tentou um dia converter um canalha.

"Comigo ele vai ser diferente";
"Canalha!? Foi porque não me conheceu antes!";
"A vida dele vai ser dividida em AC e DC: 'antes de Carla Cristine' e 'depois de Carla Cristine'. Isto ou mudo de nome!".

Pois mude, minha filha (até porque convenhamos, né?).

Canalha ou não, "liberdade na vida é ter um amor para se prender", já diz Fabrício aqui e aqui.

Ouso de dizer que concordo com ele. Mas se puder, Paizinho, um não-canalha, por favor.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O que você faria por R$4,00?

      Eu estava parada, distraída. Ele se aproximou de mim. Devia ter uns 11 anos. Era mais baixo que eu e, por isso, inclinou sua cabeça para cima, a fim de que eu lhe desse a atenção devida. Ele vomitou seu discurso decorado. Tímido, falou baixo, me olhou com um olhar vazio, evasivo. Não consegui entender muito bem o que disse, mas pude perceber o automatismo que ligava uma frase a outra. Pedi que repetisse. Ele regurgitou pacientemente o mesmo discurso. Dessa vez, fui mais além e entendi as palavras-chave. O menino era bom de marketing. “Dois reais”, “café”, “padaria” e uma garantia “Deus te dará em dobro, tia”. Diante de uma garantia dessas, perguntei a ele “E onde fica a padaria?”. Ele me respondeu “Mais ali na frente, próximo ao mercado”. Não pensei duas vezes, me convidei. Disse “Vou com você, vamos?”. Preocupado com meu condicionamente físico, ele disse que era longe “Lá no mercado. A senhora vai andando até o mercado?”. Confiante de que conseguiria terminar o percurso, eu disse que sim. Ele insistiu, agora já não tão pacientemente, “É longe tia. Só dois reais. Deus vai te dar em dobro!”. Repeti “Mas eu vou com você, a gente toma café juntos. Vamos?”. Apesar da minha óbvia incapacidade de compreender o que queria, o menino foi paciente. Ele virou as costas e foi embora. Mirou mais baixo e pediu R$1,00 a três meninas que passavam.  

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Da série tesouros da experiência

Descobri, faz pouco tempo, algo que talvez seja bobo aos olhos de quem me lê, mas vá lá. Descobri que as ideias não são um fim em si mesmas. Isso tem mudado a minha vida. Vai-se o tempo, fica o registro.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Diga-me o que tens na tua parede e te direi quem és


      Na minha há:
  • Um grande nada lilás;
  • Um fluxograma do curso de Direito da UERJ;
  • Uma tabela com o mês de agosto, preenchida até a metade com as atividades do mês;
  • Uma folha de ofício branca repleta de corações - presente de uma aluninha minha fofa de 6 anos;
  • A seguinte frase sábia, presente de uma amiga: "Deus nos dá o dom da língua, não para termos sucesso ou usarmos de maneira vã, mas sim para levarmos seu amor até os confins da Terra."; e
  • O poema de Fernando Pessoa: "Para ser grande, sê inteiro: nada/Teu exagera ou exclui./Sê todo em cada coisa. Põe quanto és/No mínimo que fazes./Assim em cada lago a lua toda/ Brilha, porque alta vive."

      Achei melhor do que dizer com quem ando.