quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Textos escritos e textos não-escritos



     Outro dia descobri que tenho muito mais textos não-escritos do que escritos. Revirando uma pasta do meu computador, encontrei dezenas de textos começados, mas nunca terminados. O que me levou a pensar: o que nos faz não escrever um texto? Ou melhor, o que nos faz escrever um? Pensei em algumas razões para se escrever um texto.

     Uma delas é boba: simplesmente  veio a ideia e se tinha um computador ou lápis e papel por perto. Diz a lenda que JK Rowling estava na pindaíba, chorando suas mágoas em um bar, quando começou a escrever Harry Potter em um guardanapo.

    Outra é porque a ideia te incomoda a tal ponto que não escrevê-la é simplesmente angustiante. Ela martela, martela e martela na sua cabeça até que você a materialize no papel. Ideias com vontade própria. Tenho muitas!

     Penso em outras razões, a vaidade, por exemplo. A vaidade pode também nos levar a escrever. “Escrevo porque sou intelectual e as pessoas precisam ter acesso às minhas ideias brilhantes”; “Escrevo porque sou muito inteligente e o mundo precisa saber disso”; “Escrevo porque escrevo bem e receber um 'uau, seu texto é muito bom!' massageia meu ego carente.”

     Bem, infantilmente, eu digo: escrevo porque quero escrever e ponto. Ao que um analista perguntaria “De onde vem essa vontade, Vanessa?”. “Não sei.” - eu responderia. “Não sabe?” - ele insistiria. “Não sei.” - eu devanearia. E ele mudaria de rumo: “Me fale um pouco sobre o seu pai...”. E a sessão terminaria. Eu falando do meu pai, mas não chegando exatamente ao motivo de eu gostar tanto de escrever e de nem sempre fazê-lo.

    Enfim, poeticamente, eu digo: escrevo porque escrever liberta. Liberta ideias enclausuradas, liberta desejos acorrentados, vontades que nem chegaram ao nível da consciência ainda. Escrevo porque sou além do que as palavras são, mas por ora são o que sou.