quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A virgem e o chá de lingerie


     Recentemente fui ao chá de lingerie de uma noivinha amiga minha cujo blog bem humorado é este aqui. O evento foi interessantíssimo, divertissímo e erótico no ponto. Não passou do limite do sensual para cair no vulgar. Cheguei lá por volta de 15h junto com Larissa. Estávamos supercuriosas para ver com quantos sutiãs, calcinhas, vibradores e algemas de pelúcia se fazia um chá de lingerie.
   Aliás, abre parêntese, prometi umas fotos a um amigo, mas diferentemente do que imaginava, não havia mulheres seminuas trocando lingerie umas com as outras. Só a noiva é que ficou seminua. Brincadeirinha! Nem a noiva, obviamente! Só Tiago, o noivo, é que terá o privilégio. Fecha parêntese.
     Continuemos. O chá foi uma graça. A decoração e o buffet esbanjaram bom gosto: eram bolas de oncinha caindo do teto, copos descartáveis personalizáveis, quitutes deliciosos e docinhos em formato de espartilho. Nos divertimos bastante. Madrinhas, sogras, amigas e noiva eram só gargalhadas na tradicional hora de pagação de mico. O esquema para presentear a pobre noivinha era o de recompensas: um mico, uma calcinha; dois, um sutiã.
     Após as típicas brincadeirinhas, a coisa esquentou. Entrou em cena uma “personal sex” cuja proposta era nos dar uma aula de sedução. A aula foi na verdade uma vitrine de produtos eróticos. Foi desde brilho labial que provoca ereção a bolinhas para pompoarismo, passando por perfumes com feromônios, gel para massagem erótica e lubrificante de última geração. Ui, ficou quente de repente? Ou sou só eu?
     Confesso que fiquei meio cabreira assim que, ao se apresentar, a professora utilizou a seguinte expressão: “sou graduada e pós-graduada em marketing”. Hum, não sei, mas esse negócio de graduação em marketing não me cheirou bem. Fosse ela uma psicanalista, psicóloga, ginecologista OK, mas marketeira!? Não confio em gente que me convence de que eu preciso de algo que até aquele momento não fazia a mínima falta na minha vida – e que provavelmente nunca fará. Enfim, após a palavra “marketing” tudo me pareceu meio falcatrua, mas não foi isso que me motivou a escrever este texto.
     Na verdade, a motivação veio do tal “perfume dos feromônios”. A proposta do perfume é simples: duas gotinhas atrás de cada orelha e todos os homens do mundo ao seus pés. Pensei no seguinte: isso não seria uma manipulação dos acontecimentos naturais? Afinal, o grande quê do amor não é você descobrir que está accidentaly in love? Comentei isso com Larissa, ao que ela respondeu: “mas, Vanessa, isso é como a maquiagem, a roupa e o brinco que a gente usa! O perfume é só uma forma de conquistar ativando um outro sentido, o olfato”. A resposta de Lari me tranquilizou, mas não me convenceu. Por algum motivo, não acho que sejam a mesma coisa. Continuei martelando e o comentário de Larissa me fez lembrar uma pequena estória contada por outra amiga, Heloísa. Ei-la:

Casal na hora H

Homem supreso: Ué, cadê seus peitos!?
Mulher cinicamente tranquila: No varal, amor.

      Peitos no varal, feromônios atrás da orelha. Serão a mesma coisa? Não sei... Fato é que caso eu usasse o tal perfume, me sentiria como se estivesse enganando meu parceiro, trapaceando o acaso do amor, facilitando demais as coisas. Isso é, se de fato o tal perfume funcionasse.
     A lembrança da tal estorinha me faz cair numa contradição: peitos falsos, OK; feromônios, não. Mas por quê? Por que sutiãs de enchimento são antigos e populares e perfumes de feromônios não? Será que algum dia os perfumes de feromônios poderáo ser comprados na Citycol? Ou, outra, será que no amor – no mítico amor com A maiúsculo – peito, bunda e feromônios fazem diferença? Well, termino esse texto com muitas perguntas. Alguém aí tem a resposta para elas?