terça-feira, 30 de julho de 2013

Machado, só você me entenderia...

    Me fosse dada a oportunidade de voltar no tempo, estaria eu ali andando lado a lado com Machado: o irônico, o ranzinza, o gênio. Não tendo sido agraciada com tal benção me contento com o pouco que me é proporcionado. Hoje, ele ocupa tanto minha cabeceira quanto a minha cabeça. Que privilégio.


Trecho de "Machado de Assis - Crônicas Escolhidas" (Seleção, introdução e notas por John Gledson):

Ele [Machado de Assis] queria outra coisa - queria prender o leitor, claro, e sabia fazê-lo como ninguém, mas também queria forçá-lo a pensar, a sair da sua rotina mental. É assim que diz no dia 24 de março de 1895: 'A ideia não é clara: lede-me devagar'. Ou, novamente, no dia 31 de maio de 1896: "O que for saindo saiu, e tanto melhor se entrar na cabeça do leitor". Ou, ainda, no dia 21 de agosto de 1893: "Acabemos com este costume do escritor dizer tudo, à laia de alvissareiro [aquele que anuncia as boas novas; encorajador]". (...) O leitor tem que entrar no jogo.